segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Cabala da Deusa

Por que uma Cabala da Deusa?

A Cabala é uma forma magnífica de nos aproximar do Universo, de falar com Deus. E podemos fazer isso com suficiente tempo e estudo. Uma tradição de mais de cinco mil anos que já formou inúmeros mestres, que se manteve quase inalterada ao longo desse tempo todo. Uma via perfeita para nos comunicar com Deus.

Mas neste momento em que a Deusa está retornando... como fica a situação? Como se harmoniza a Cabala com a Deusa?

Bem, se assumimos que a Cabala é produto de uma tradição mística judaica e patriarcal, poderíamos dizer que elas não têm nada a ver. Coloque a Cabala de um lado e a Deusa do outro. E acabou. Mas já estudei a Cabala por muito tempo como para pensar isso. E sou sacerdote da Deusa há muito tempo também. Esse tipo de separação não é típico de nenhuma das duas. A Deusa tudo abraça. E a Cabala é a descrição da formação do Universo: Como poderia não estar presente a Deusa nela?


Bem, quando estudamos o Zohar, achamos quase que imediatamente a poderosa presença da Shekinah, a Companheira Sagrada de Deus. Também existem permanentes referências à Mãe Celeste e a Mãe Terrestre. O Zohar é imenso e dentro dele poderíamos achar a justificativa para a presença da Deusa. Mas eu prefiro usar um caminho mais direto e mais fácil de demonstrar. Aliás, como sou da área de Exatas, prefiro justificativas de estilo objetivo. As justificativas místicas podem ser válidas para muitas pessoas, mas eu sinto certa falta de segurança usando só elas... Então, vamos lá.

Como podemos saber que a Cabala contém a Deusa? A resposta para isso está no Sepher Yetzirah, o Livro da Criação, considerado por alguns o texto mais antigo da Cabala (embora as versões que temos pareçam ser do ano 1.000, a tradição diz que o Sepher Yetzirah foi entregue a Abraão, quase cinco mil anos atrás). Então usaremos o Sepher Yetzirah. E algo mais: O trabalho pioneiro do cientista Gregg Braden, descrito no livro “O Código de Deus”, no qual ele associa três elementos da Natureza: Hidrogênio, Nitrogênio e Oxigênio, às letras Iod, Heh e Vav do Nome de Deus, provando que temos esse nome escrito no nosso ADN.

A demonstração é um pouco longa e para entendê-la completamente precisamos saber bastante de Cabala e principalmente do Livro da Criação. Mas vou simplificar aqui. Quem tiver vontade de aprofundar, pode estudar o Sepher Yetzirah e o livro de Gregg Braden. Vamos começar?

O Nome Sagrado de Deus é conhecido por todos: YHVH. Em hebraico, h w h y.  Mas ao ler o Sepher Yetzirah com atenção descobrimos que essas três Letras, Iod ( y ), Heh (h) e Vav ( w ), foram “fixadas no seu grande nome” e realmente elas “representam” o nome de Deus aqui fora, no Universo Manifesto. Mas o Universo não se originou aqui, ele se originou com as Quatro Sephirot Originais: Primeiro, Último, Bem e Mal. E a elas, a partir da Sephira Último, são anexadas as Três Letras Mãe: Aleph, Mem e Shin. Aleph representa o Ar, Mem a Água e Shin o Fogo. Destas Sephirot e das Três Letras Mãe emanam as seguintes Sephirot que formam o Universo Manifesto (onde nós estamos agora) e as outras Letras hebraicas.  Entre elas Iod, Heh e Vav.

Vamos nos concentrar então nas Três Letras Mãe (ninguém sabe o porquê desse nome): Aleph, Mem e Shin. Sabemos, a partir do Sepher Yetzirah, que elas representam o Nome de Deus no Universo Original. E que outras três Letras Simples foram escolhidas para pronunciar esse Nome no Universo material. Assim, em teoria, existe um Nome de Deus que não conhecemos, e que está escrito com as letras Aleph, Mem e Shin. Mas qual é esse nome? Para saber isso precisamos saber qual é a correspondência entre Iod, Heh e Vav e Aleph, Mem e Shin. Aqui está o problema: até agora ninguém conhecia essa correspondência. Podemos até tentar fazer permutações das Letras, mas isso é algo sem base sólida. Como antigo estudante de Física e Astronomia, não gosto disso...

Fiquei nesse impasse durante algum tempo! Até que um dia voltei ao Código de Deus, de Gregg Braden. E, no Capítulo 5 do livro temos as associações das Letras Iod, Heh e Vav com os elementos, que são:

Iod: Hidrogênio
Heh: Nitrogênio
Vav: Oxigênio

E depois disso temos a demonstração de qual Elemento elas representam. Hidrogênio está associado a Fogo, claro. Mas contrariamente ao que esperaríamos, Nitrogênio está associado ao Ar e Oxigênio à Água. A demonstração disso está no livro e foge ao escopo deste texto. Deste modo, podemos construir uma segunda tabela:

Elemento Químico
Elemento místico
Letra Simples

Hidrogênio
Fogo
Iod

Nitrogênio
Ar
Heh

Oxigênio
Água
Vav


Bem, agora, usando o Sepher Yetzirah novamente, vemos que Ar está relacionado a Aleph, Água a Mem e Fogo a Shin. Então, juntando tudo isto:

Elemento Químico
Letra Simples
Elemento místico
Letra Mãe
Hidrogênio
Iod
Fogo
Shin
Nitrogênio
Heh
Ar
Aleph
Oxigênio
Vav
Água
Mem

E assim temos, finalmente, a correspondências entre as Três Letras Mãe e as Letras Simples que formam o Nome de Deus no Universo Manifesto:

Letra Simples
Letra Mãe
Iod
Shin
Heh
Aleph
Vav
Mem

Bem, vamos ao último passo? Vamos escrever o Nome de Deus com as Letras Mãe.
O Nome Iod, Heh, Vav, Heh se transforma agora, usando as Letras Mãe, em Shin, Aleph, Mem, Aleph. Vamos ver isto em uma tabela?




Nome tradicional
H w h y
YHVH
Nome escrito com as Letras Mãe
a m a v
SHAMA




E agora vem a parte maravilhosa de tudo isto. O Nome de Quatro Letras, o Nome Sagrado de Deus é, obviamente, o Nome Dele. YHVH é YHVH. E isso está muito bem. Mas o Nome de Quatro Letras, ao ser escrito com as Letras Mãe, nos dá SHAMA, que em hebraico significa... MÃE!

O Nome Original de Deus significa... MÃE. Ou, segundo a palavra escolhida na tradução, MAMÃE. Use a que você preferir.

Quem criou o Universo?

SHAMA

A MÃE.

Foi colocado na cara de todos nós, no próprio Sepher Yetzirah. Está ai há cinco mil anos. A Mãe criou o Universo e tudo e todos nele. As Letras que usamos para escrever o Nome Dela são chamadas Letras Mãe... agora entendemos o porquê do nome delas... Para mim, como estudante de Cabala e como Sacerdote da Senhora da Noite, é suficiente prova como para seguir enfrente com o nosso trabalho.

E onde fica Deus em tudo isto? Exatamente onde estava antes. No lugar de sempre. A Deusa não precisa expulsar ninguém para estar presente. Como poderia expulsar o próprio Companheiro dela? Negar alguém ou algo para se justificar, por querer reinar sozinho, só tem lugar na cabeça enlouquecida do patriarcado. Na Era em que estamos entrando agora a ideia é unir os diversos, juntar os opostos e, principalmente, juntar o Feminino Sagrado com o Masculino Sagrado. Ou seja, a Deusa e o Deus. Como sempre foi. A Cabala continua igual que antes, só ganhou a Presença Dela no próprio Coração da Criação...

Isto tudo, é claro, é uma demonstração racional. No fundo, para trilhar o Caminho da Cabala ou o Caminho da Deusa, o coração tem que vibrar para além da parte racional. A Deusa não nos chama através da mente, mas através do Amor. E a Cabala, quando bem entendida, também.

Quer compartilhar este Caminho conosco? Seja bem-vind@. A Deusa acolhe a todos com Alegria, porque... que Mãe rejeita um filho? Que Mãe deixa de amar um filho?

E assim, com o Caminho iluminado pelo Amor Dela, começamos a nossa viagem...

Aguardo vocês no próximo post.


Um super abraço a Tod@s!


Imagem 1: Árvore da Vida Perfeita segundo o Sepher Yetzirah
Imagem 2: A Deusa

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